Por que investir em startups parece uma realidade distante de quem está no campo?

Buscando esclarecer dúvidas semelhantes a esta pergunta, Marco Poli abriu uma conversa franca com investidores e representantes da área responsável por grande crescimento do país: o agronegócio.

Enquanto tecnologias inovadoras têm provocado revoluções e movimentando bilhões em diversos setores, o setor AgTech ainda está carente de um unicórnio para chamar de seu.

O agro, no entanto, é cotado como forte concorrente de onde deve sair a próxima startup avaliada em US$ 2 bilhões.

Mas para isso ocorrer é preciso, primeiramente, plantar a única sementinha capaz de escalar qualquer negócio, transformando-o em uma máquina que movimenta bilhões: o investimento.

“O agronegócio é ideal para isso, pois tem volume, tem necessidade e tem capital para investir”.

Nessa hora, o agro passa a contar – novamente – com um dos ativos responsáveis por grandes movimentações no setor: as cooperativas, que atuam como ponte de ligação e porta-vozes dos agricultores.

O elo entre os agricultores e as startups

Segundo Marco Poli, existem diversas formas de uma cooperativa e cooperados fazerem investimentos, parcerias e conseguirem capturar o valor de inovação através de startups.

Sobretudo nas regiões estratégicas, consideradas expoentes da agricultura, cooperativas e cooperados exercem papel fundamental para dar valor ao ecossistema da região e, consequentemente, gerar valor para as duas partes.

Aqui no blog nós já falamos sobre agricultura de precisão e como a tecnologia presente no campo está sendo  aprimorada para impactar – ainda mais – a rotina do produtor.

Mas se a tecnologia já está presente no campo, o que falta para o campo se aproximar das inovações e tecnologias propostas por startups?

Marco Poli acredita que os produtores precisam ser mais expostos às oportunidades.

Não vejo como necessário uma mudança de cultura, pois a decisão de comprar tecnologia é uma decisão que todo produtor já tem. Agora, precisa ter vetores que vão apresentar e mostrar valor, mostrar as oportunidades chegando mais frequentemente e de maneira mais densa até esses agricultores.

Neste processo, a colaboração de instituições como Sebrae, Embrapa, universidades, centros de inovação e, claro, entre as cooperativas, vai exercer papel determinante nessa aproximação.

O investidor deu dicas que você pode reproduzir aí no seu ecossistema:

  • Se o cliente da startup é o produtor, as cooperativas podem servir de canal para startups venderem para esses produtores. Isso vai melhorar o negócio dos produtores com soluções tecnológicas e também vai gerar parceria com receita para a cooperativa.
  • Outra forma de capturar esse valor é fazendo investimento financeiro, investimento-anjo, em que os cooperados pegam uma empresa de tecnologia e decidem, através da cooperativa, investir no modelo de negócio.

Como lidar com o risco de investir em startups?

“O brasileiro é um povo avesso a risco. Isso faz com que muitas oportunidades sejam perdidas”. 

Falar em agronegócio é falar em um setor que lida, constantemente, com incertezas na produção: clima, chuva de menos, sol em excesso, variedade de grãos, manejo do talhão, etc.

Então como colocar mais um risco nessa rotina? 

Marco Poli reforça a necessidade de quebrar essa barreira, como principal forma de colher todos os benefícios desse tipo de investimento. E simplifica de maneira prática e didática para os agricultores que estão começando:

  1. Entenda como funcionam as startups e quais valores elas conseguem gerar.
  2. Se eduque. Busque grupos, veículos e as redes de investimento anjo que estão começando a atuar na sua região.
  3. Encontre formas das oportunidades chegarem até você, seja porque você vai buscá-las de maneira eficiente ou porque os empreendedores te enxergam como alguém que eles deveriam procurar quando estão buscando rodadas de investimento.

Conforme o investidor, o grande truque está em conter o risco dentro de valores razoáveis para você, separando uma quantia pequena para colocar em ativos de risco maior.

“Nunca arrisque tudo. Ativos de retorno serão aqueles com risco menor, para os dias que você vai precisar sacar esse dinheiro e usar para manter seu negócio. Aquela ponta de 5% a 10% do portfólio você vai usar para os de risco maior, e nesse quesito, investir em startups pode ser uma ótima oportunidade que dê os maiores retornos, apesar do risco ser muito grande”.

Marco Poli palestrando no Show Rural Digital 2020
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