O número de beneficiários de plano de saúde privado está decaindo desde 2014. O total de brasileiros que tinham algum tipo de cobertura atingiu o recorde de 50.531.748 pessoas. Cinco anos depois, em 2019, esse número caiu para 47.095.095, segundo os dados da ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar).

Ainda assim, o cenário brasileiro aparece como um dos mais promissores do setor: o Brasil é o 8° maior mercado de saúde no mundo. Somente em 2018, os gastos com saúde no país representaram 9,2% do PIB.

No entanto, esse índice corresponde a apenas 30% da média dos países membros da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), conforme o relatório divulgado pela organização.

Na prática, nos 38 países membros da OCDE, a média de gastos com saúde por habitante foi de quase US$ 4 mil, sendo que 76% desse valor corresponde a gastos públicos.

Enquanto isso no Brasil, do total de US$ 1.282 mil, menos da metade (US$ 551) são gastos do governo brasileiro. O restante se refere a despesas privadas como seguros de saúde ou pagamento direto de consultas e exames.

Diante desse panorama, e visando os 69,7% dos brasileiros que não tem plano de saúde, as health techs despontam como um dos setores com previsão de grande crescimento no país.

As soluções envolvem tornar o sistema de saúde inteligente e interligado, otimizando a maneira como recursos são gastos, além é claro, de focar no atendimento ao indivíduo de forma completa, ampliando o acesso às consultas privadas por pessoas que utilizam apenas o SUS (Sistema Único de Saúde).

O panorama das health techs brasileiras

Atendimento facilitado, de baixo custo e sem complicações, é essa a proposta de uma das maiores (em funcionários e popularidade) health techs do país: a Dr. Consulta.

Fundada em 2011, no estado de São Paulo, a Dr. Consulta já está nos estados do Rio de Janeiro e Minas Gerais com dezenas de unidades. 

Pelo site, qualquer pessoa (nas cidades disponíveis), pode agendar uma consulta, nas mais variadas especialidades, com possibilidade de agendamento ainda para o mesmo dia.

Indo direto às unidades, o atendimento é feito em cinco passos, conforme a própria startup garante: retirada de senha, recepção, pré-consulta, consulta e pós-consulta. E o melhor: com valor, em média, entre R$ 75 e 150 reais.

Com quase 560 funcionários, a Dr. Consulta aparece em lugar de destaque no relatório do Distrito Health Tech Report 2019

No entanto, é a única presente no ranking das 10 startups que mais se destacam no setor que está na categoria marketplace, acesso à informação e farmacêutica e diagnóstico, que apesar de ter representatividade maior que 10%, não é o principal mercado.

A liderança, no Brasil, é ocupada por startups com foco na gestão.

É dentro do mercado BCB que estão 24,2% das health techs brasileiras, atendendo e desenvolvendo produtos que melhoram a rotina de clínicas, hospitais e laboratórios.

Entre elas, 60,6% está no Sudeste do país, sendo que 41% das startups mapeadas está no estado de São Paulo. Logo em seguida está o Sul do país, com 28,7% das health techs. 

Destaque para os estados do Rio Grande do Sul (14%) e Paraná (7,8%), com crescimento de quatro pontos percentuais desde a realização do primeiro relatório.

Enquanto isso, a região Norte segue sem nenhuma health tech mapeada, perpetuando o grande déficit na qualidade da saúde, conforme dados disponibilizados pelo IBGE.

Qualidade das UBS no Brasil

Dados que tornam o cenário ainda mais desafiador e também amplo para inovações que contemplem a região.

As 10 startups que mais se destacam no setor

  • Dr. Consulta: startup que presta serviços médicos ambulatoriais para quem quer e precisa ter mais acesso de qualidade à saúde.
  • Pixeon: softwares de gestão para hospitais, centros de diagnóstico por imagem, laboratórios e clínicas.
  • Vitta: plano de saúde exclusivo para startups.
  • iClinic: software de agendamento e prontuário médico para clínicas e consultório médicos.
  • Memed: com foco nos médicos, a startup se propõe a resolver toda a jornada que existe através da prescrição médica, possibilitando encontrar qualquer medicamento ou exame que existe no Brasil, reduzindo a chance de erros nas prescrições.
  • GTplan: empresa especializada em agregar soluções para a cadeia de suprimentos hospitalar e também especializada em sincronizar o fluxo de informações e produtos entre todos os elos da cadeia de saúde.
  • iMedicina: software médico líder em relacionamento para clínicas e consultórios. 
  • Semantix: empresa que utiliza as mais recentes tecnologias de IA, big data e analytics para solucionar necessidades específicas do setor.
  • Magnamed: startup voltada para o mercado de critical care, especializada em ventilação pulmonar. A companhia destaca-se no desenvolvimento de equipamentos médicos hospitalares de alta tecnologia e inovação inteligente para vida.
  • Hi Technologies: empresa de telemedicina e aparelhos tecnológicos para realização de exames laboratoriais voltados a área médica.

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Um olhar para o ecossistema global

A área de saúde movimenta anualmente cerca de US$ 9 trilhões e, entre 2010 e 2017, o volume de investimentos mundiais no setor aumentou 90%.

O Global Startup Ecosystem Report 2019, elencou os principais ecossistemas de saúde no mundo, levando em consideração os seguintes fatores: número de startups, suas performances, financiamento recebido, alcance de mercado de seus produtos, conectividade, talento e experiência.

Na avaliação, cada atributo recebeu uma pontuação de 1 a 10. Ao final da análise, sem surpresas, observamos que o primeiro colocado foi o ecossistema do Vale do Silício, seguido pelos ecossistemas de Boston, San Diego e NYC. Isso comprova, mais uma vez, a maturidade do mercado nos Estados Unidos.

Entre as tendências do setor, as startups de Inteligência Artificial levantaram US$ 4,3 bilhões desde 2013, além de chamar a atenção de gigantes da tecnologia como Google e Apple, que investiram quantia expressiva em iniciativas do ramo, segundo o relatório CBInsights.

Destaque para a China, que é o segundo país mais ativo em investimentos e iniciativas na área.

Até 2016, nenhum aporte havia sido realizado em startups chinesas do setor, e numa completa reviravolta, o governo chinês tem como meta se tornar líder global em pesquisa de IA até 2030.

Até 2025, estima-se que o mercado global de saúde apresente ganhos na faixa de 4% a 11% do produto interno bruto do planeta, o que representa entre 3,9 e 11,1 trilhões de dólares, segundo as projeções apresentadas no relatório do Plano Nacional de IoT do BNDES. No Brasil, estima-se ganhos da faixa de 50 a 200 bilhões de dólares em 2025.

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