Em um mundo globalizado e extremamente competitivo, as empresas que não se atualizam com novos modelos de negócio acabam em defasagem em relação às demais, não é mesmo?
Nesse sentido, as empresas estão cada vez mais dando atenção e investindo em um tema que vem sofrendo diversas alterações ao longo dos anos, a inovação.
Talvez você ainda não saiba, mas o modelo de inovação fechada, aquele focado somente nas necessidades internas da organização e que era considerada “o caminho ideal” para as empresas, está dando espaço a um novo modelo singular de fazer inovação, a inovação aberta.
Antes de tudo, vamos deixar claro o que é inovação!
É muito importante que antes de saber o que, de fato, é o conceito de “Inovação Aberta”, você entenda o significado de inovação.
A palavra inovação vem do latim “innovare”, que significa fazer algo novo ou introduzir uma novidade. Além disso, também podemos definir “inovação” como a transformação de uma idéia já existente em algo novo, ou seja, não é necessariamente a criação do zero, podendo ser também a renovação de uma idéia/situação.
Enfim, a palavra “inovação” se refere diretamente a experimentação, descoberta e transformação.
Em se tratando de negócios, a inovação pode estar presente em todas as fases, seja na criação de novos produtos e processos, nas técnicas de marketing, em novas formas organizacionais ou até mesmo na forma como o serviço é prestado ao cliente.
Muito interessante, não é mesmo?
Mas afinal, o que é Inovação Aberta?
A Inovação Aberta é uma abordagem diferenciada, em que é necessário um novo modo de pensamento.
Ela se baseia na utilização de caminhos internos e externos, ou seja, o processo de inovação envolve não só o ambiente interno da empresa, como também o seu entorno, como clientes, concorrentes, entre outros.
Em outras palavras, a empresa utiliza ideias inovadoras provenientes de fontes externas e internas para criar novos produtos/serviços e melhorar os já existentes.
Como a lógica da Inovação Aberta é diferente do modelo já conhecido e acontece uma permeabilidade entre as empresas, ela está relacionada de forma direta com as habilidades essenciais que as empresas possuem, como, por exemplo, a capacidade de absorção, ou seja, de assimilar conhecimentos/habilidades externas e convertê-las em valor.
Nesse novo modelo de inovação, portanto, as empresas sabem que precisam aproveitar as pessoas que trabalham internamente, mas também as que estão fora da empresa.
Também entendem que a pesquisa e desenvolvimento externo e interno possuem valor, que não é necessário originar a pesquisa para obter lucro e que a compra de novas ideias para alavancar o próprio modelo empresarial pode ser muito benéfico.
Enfim, no modelo de “Inovação Aberta”, se entende que quem fizer o melhor uso das ideias internas e externas, vencerá.
Algumas formas de utilização da Inovação Aberta
Relacionamento com outras empresas
Na Inovação Aberta, a interação entre as empresas aumenta de forma significativa e pode acontecer de formas variadas.
É possível, por exemplo, parcerias tecnológicas no processo de pré-inovação e até mesmo alianças estratégicas para transferência de tecnologia.
Vale citar ainda, que também existem empresas que procuram a colaboração de outras para que um novo produto seja inserido no mercado de forma mais eficaz, ou que incorporam tecnologias desenvolvidas por terceiros.
Relacionamento com universidades e institutos de pesquisa
No processo de Inovação Aberta, as universidades e os institutos de pesquisa possuem papel relevante.
São muitas as empresas que têm reconhecido que as universidades e os institutos de pesquisa são uma excelente fonte para ampliação dos recursos de pesquisa e desenvolvimento.
Essa interação entre empresas, universidades e institutos de pesquisa pode acontecer de diferentes formas, como convênios, pesquisas contratadas, desenvolvimento de testes, pesquisas cooperativas ou até mesmo na criação de estruturas próprias para que essa interação aconteça, como incubadoras, laboratórios, entre outros.
Relacionamento com clientes
Você já percebeu que as empresas estão cada vez mais em busca de recursos e estruturas para escutar os seus clientes?
Pois é!
Muitas ideias para novos produtos/serviços ou aperfeiçoamento dos já existentes podem surgir através das sugestões e dicas dos clientes.
Além disso, vale ainda dizer que os próprios clientes estão em busca de uma maior e melhor relação com as empresas, contribuindo assim, com feedbacks.
Diante desse fato, é imprescindível que as empresas tenham ferramentas de comunicação focadas na melhoria da relação com o cliente, pois será a partir desses recursos de colaboração em massa que a empresa conseguirá inovar.
Relacionamento com fornecedores
O relacionamento entre clientes e fornecedores também precisa ser destacado quando se trata da Inovação Aberta.
Essa relação se torna mais próxima e é possível até dizer que esses dois grupos se tornam “parceiros de negócios”, colhendo assim muitas vantagens, como melhoria na qualidade, lead time, capacidade de inovação, custos, entre outros.
Importação e exportação de ideias
Na Inovação Aberta, as ideias ou tecnologias desenvolvidas na empresa não são todas mantidas dentro da mesma, pois podem congestionar o sistema de inovação.
Desse modo, é recomendado que elas sejam comercializadas ou licenciadas, gerando assim novos conhecimentos e oportunidades.
Nesse mesmo sentido, as empresas também devem comprar ou licenciar tecnologias e ideias que sejam interessantes e que foram desenvolvidas externamente, ou seja, por outras empresas.
Na Inovação Aberta, a importação e exportação de conhecimento é presente nas três fases do processo de inovação, ou seja, no conceito, desenvolvimento e comercialização.
Exemplos: projetos de clusters, licenças, feiras, conferências, relação com universidades, patentes quebradas, fusão, entre outros.
Benefícios da Inovação Aberta
A implementação da Inovação Aberta oferece diversos benefícios para as empresas de um modo geral.
Veja a seguir quais são eles!
- Maior aprimoramento do processo de Pesquisa e Desenvolvimento através de investimentos de terceiros
- Crescimento da capacidade de geração de novas ideias e tecnologias através do conhecimento externo
- Possibilidade de direcionar recursos internos para outras fases, como por exemplo a prospecção
- Senso de urgência e triagem em relação às ideias e tecnologias
- Menos riscos em pesquisas específicas
- Maiores possibilidades de diversificação do negócio
- Redução no tempo dos projetos de inovação
- Maior acesso a mercados onde outras empresas são mais ativas
- Surgimento de novas oportunidades comerciais
- Comercialização de ideias e tecnologias
- Redução de custos com pesquisas
- Networking com diferentes talentos
- Democratização de ideias
- Valorização do modelo de negócio da empresa
- Aumento do impacto dos projetos da empresa
Ameaças e barreiras em relação à Inovação Aberta
Sempre que algo novo é implementado ou se descobre que o sistema utilizado já não é mais vantajoso e se procura alternativas, acontecem ameaças e barreiras, pois mudanças de paradigmas e conceitos tradicionais sempre requerem tempo para assimilação e aceitação.
Em se tratando do processo de Inovação Aberta não é diferente.
A abordagem da Inovação Aberta enfrenta algumas barreiras e ameaças dentro das organizações.
Uma das maiores e considerada a principal delas é o comportamento negativo por parte dos funcionários em relação a fontes externas, seja de ideias ou tecnologias.
Essa é a síndrome NIH – Not Invented Here, ou em português, “não inventado aqui”, e que inibe a busca por recursos externos que podem agregar muito na empresa em geral.
Diante da Inovação Aberta, também é possível que os funcionários de pesquisa e desenvolvimento se sintam inseguros diante dos cargos que ocupam, pois nesse modelo é normal que aconteça uma diminuição do número de funcionários dessa área.
Essa é uma situação desconfortável e que causa um clima de tensão em outras áreas de empresa.
Mais um problema a ser enfrentado por esse novo modelo é a síndrome do “Não vendido aqui”, em que funcionários escondem ideias que julgam de alto potencial para que não sejam vendidas para outras empresas.
O resultado é que recursos financeiros e humanos são gastos e totalmente desperdiçadas em ideias que, muitas vezes, nunca serão usadas.
Outras ameaças relacionadas à Inovação Aberta são o risco de cópia, violação das leis de patentes ou de proteção do capital intelectual e a dependência que a empresa pode desenvolver em relação aos recursos externos, perdendo assim todo o controle.
Para finalizar
As empresas que implementam a chamada “Inovação Aberta” são as que acreditam que as contribuições intelectuais para o crescimento podem vir de dentro ou fora da organização, ou seja, são empresas que se expandem para além das fronteiras e que buscam recursos externos para enfrentar problemas e vencer os desafios do negócio.
Esse modelo pressupõe o lançamento de produtos rentáveis, troca de conhecimento, incorporação de tecnologias de terceiros, comercialização ou licenciamento de ideias.
As empresas dividem riscos e também benefícios, compreendendo que o conhecimento, essencial para inovar, pode estar em qualquer lugar.
Por fim, é importante dizer que a Inovação Aberta deve ser vista como complementar ao que já é realizado internamente nas empresas e que é uma possibilidade excelente de expandir os horizontes e enfrentar um mundo globalizado que exige inovação a todo o momento.
Até a próxima 😉