Por incrível que pareça, o objetivo de vida de Marcus Ribeiro era ser diplomata.
Seu tio foi um e ele chegou a cursar faculdade de Relações Internacionais. Um dos motivos era por adorar ler sobre história do Brasil e do mundo, além de sociologia e filosofia.
E foi no ambiente acadêmico, meio sem querer, que Marcus esbarrou no movimento Empresa Júnior, no tema empreendedorismo e no hábito de criar coisas novas.
Nessa época um grande amigo, que trabalhava na Endeavor, o apresentou à primeira aceleradora de startups da América Latina, a 21212.
O aspirante a empreendedor, que estava prestes a iniciar uma consultoria, decidiu procurar a aceleradora após um conselho desse amigo (e que virou uma espécie de mantra em sua jornada empreendedora): “sempre se junte a pessoas melhores que você”.
“Graças a Deus eu escutei esse cara”, desabafa Marcus, que trabalhou cerca de três anos com empreendedores na 21212 antes de começar a se questionar: “por que não eu?”
E nesse ímpeto empreendedor, Marcus iniciou e quebrou seu primeiro negócio, uma startup de aluguel de livros para universitários.
Após conhecer um serviço gringo semelhante, ele decidiu adaptar algo à realidade brasileira.
A startup brazuca oferecia livros caros, que normalmente eram utilizados por um semestre, para locação com entrega na casa dos estudantes.
A startup rodou por algum tempo, captou mais de R$ 600 mil em investimento, chegou a ter uma equipe de 15 pessoas com operação no Rio de Janeiro, São Paulo e Belo Horizonte.
No entanto, Marcus não conhecia nada sobre operação de e-commerce e foi questão de tempo para o negócio ruir. Mas, a essa altura, ele já se considerava influenciado pelo meio e sabia que era uma questão de tempo para escrever seu próximo capítulo.
Foi então que ele decidiu empreender com três amigos (e atuais sócios) criando a Smartcoin, uma espécie de PagSeguro com opção de pagamento em Bitcoin. Porém, competindo em um mercado de pagamento com mais de 20 players na época, a startup não encontrava um lugar ao sol.
Nessa busca por outras “dores” no mercado de pagamento, ele iniciou uma série de entrevistas com empreendedores que conheceu ao longo de quatro anos trabalhando na aceleradora 21212.
Logo percebeu que o pagamento não era um problema, mas outros nichos na vertical financeira, como conciliação, emissão de nota fiscal, gestão e outros. Checar extrato não era exatamente o sonho de consumo de Marcus, mas uma oportunidade dessa foi impossível ignorar.
Assim nasceu a Pluga.
O pivot da Smartcoin, que havia recebido investimento do Governo Federal e não sabia muito bem para onde ir, agora tinha certeza do seu destino.
Foram dois meses de validação e 60 entrevistas com potenciais clientes, presencialmente. Isso possibilitou aos sócios entenderem que, além do processamento do pagamento, existiam outros problemas, tão importantes quanto, envolvidos nessa dinâmica.
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Em 2015, esse trabalho iniciou com ferramentas que automatizam processos de pagamentos, mas logo a Pluga disponibilizou integrações com marketing, vendas e social media, totalizando 50 ferramentas que micro e pequenos empreendedores podem integrar por conta própria para tornar a rotina mais eficiente.
A Pluga oferece às pessoas automatizações sem necessidade de desenvolverem uma linha de código. O propósito é aumentar a produtividade dos empreendedores, dando mais tempo para que eles possam focar no que realmente importa.
Na prática, a Pluga usa e abusa de todo o potencial das APIs para economizar tempo e dinheiro que as empresas dedicam a tarefas operacionais do dia-a-dia.
Por exemplo: cada pagamento aprovado no PagSeguro insere uma nova linha em uma planilha do Google Sheets. Ou a cada pagamento aprovado no Moip é enviado um e-mail personalizado ao cliente através do Mandrill.
Em pouco mais de um ano do lançamento, a Pluga tinha 500 empresas do Brasil e do mundo utilizando a solução, crescendo em média 14% ao mês.
A startup participou do programa de aceleração da 21212 e recebeu investimentos, inclusive governamentais do Startup Brasil e Startup Chile, totalizando R$ 1,4 milhões.
Segundo Marcus, na América Latina como a Pluga faz, não tem ninguém.
Encontrar essa oportunidade foi graças a esse processo minucioso de validação que, por terem atuado em uma aceleradora, os sócios sabiam o quanto era relevante.
Sempre digo que o que faltam não são boas ideias, mas maduras suficientes pra receber capital. Aceleração é importante, mas requer preparo, ainda que mínimo possível. Uma ideia não basta.
O que é ser um empreendedor de responsa?
Para Marcus, empreendedores de responsa são aqueles que nunca param de estudar, têm uma visão muito humilde da vida, querem aprender mais, se dedicam, escutam e são muito resilientes.
Ou seja, pessoas que tomam muita porrada na vida e sempre conseguem ter uma visão pragmática do que precisa ser feito. São aqueles que aproveitam verdadeiramente as oportunidades, apesar de todos os problemas que estão surgindo.
Então, para ele, um empreendedor de responsa é formado por um mix de habilidades, principalmente desenvolvimento contínuo e resiliência.
Os top 5 ídolos empreendedores de Marcus Ribeiro
Sem dúvida, os CEOs Steve Jobs (Apple) e Elon Musk (Tesla) são grandes fontes de inspiração do fundador da Pluga. É de um deles, inclusive, a frase preferida de Marcus.
“Você não pode conectar os pontos olhando para frente; você só pode conectá-los olhando para trás. Então você precisa confiar que os pontos se conectarão de alguma forma no seu futuro. Você precisa confiar em alguma coisa – seu instinto, destino, vida, carma, o que for. Essa abordagem nunca me decepcionou e fez toda a diferença na minha vida.”
Steve Jobs
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Além dos gringos, Marcus tem como mentor o brasileiro Rafael Duton, fundador da 21212 e da nTime, hoje Movile, empresa líder em software mobile na América Latina.
Outro brasileiro que inspira Marcus é Tallis Gomes, empreendedor serial criador da Easy Taxi, startup que chegou a 35 países, 420 cidades em 4 continentes e atraiu mais de 85 milhões de dólares em investimentos. Ele também é fundador da Singu e autor do livro Nada Easy.
Nessa lista, Marcus ainda guarda um espaço para o Barão de Mauá, considerado o patrono do empreendedor brasileiro.
Conselhos para quem quer empreender
Se por algum motivo você ainda não deu o primeiro passo, Marcus tem dois conselhos:
1 – Não subestime a importância de escolher um bom sócio
Para ele, empreender de maneira solitária é muito complicado.
Isso porque o empreendedor passa por muitos altos e baixos. “O mesmo dia pode ser o melhor e o pior dia da vida”, exemplifica Marcus.
“Busque uma pessoa que faça algo complementar, que você considere incrível. É importante encontrar uma pessoa admirável que você respeita”, aconselha o fundador da Pluga.
2 – Dinheiro não é a panacéia dos problemas de uma startup
Marcus acredita que existe muita coisa a ser feita antes da startup procurar um investidor.
Segundo ele, no início é possível rodar por conta própria, com baixo ou praticamente nenhum investimento. “Hoje existem muitas ferramentas disponíveis, inclusive para pessoas não-técnicas, para desenvolver um site ou testar uma hipótese”, sugere.
Então, para Marcus, hão há muitas desculpas para não testar, validar e lapidar o produto com seus primeiros clientes, antes de lançar no mercado.